Precisa-se de autônomos.

Afinal, viver debaixo da asa da mamãe para sempre não leva a nada.

Nada mais difícil do que tomar responsabilidade por algo que nunca foi feito antes. Como um filho único poderia cuidar de um recém-nascido se nunca teve irmãos? Ou então, como cozinhar ou passar roupa, se mexer com metais quentes sempre foi tão perigoso? De repente saímos do conforto do Ensino Fundamental, do oitavo e nono anos, e somos praticamente jogados no mundo de perguntas que todo adulto gosta de fazer: o que você vai fazer da vida quando realmente sair da escola?

A maioria dos alunos de uma escola particular nunca chegou a trabalhar, ou então, nunca remuneradamente. De uma hora para outra, temos que escolher que profissão seguir em um leque vasto que é o mercado de trabalho atual, sempre tendo de balancear entre salário e conforto. Não temos ciência de como fazer isso. Sem falar dos vestibulares, que nos fazem hesitar de tão apavorantes.

Agora imagine juntar tudo isso e ter que organizar uma massa disforme de ideias e alunos, sendo que você nunca fez isso antes, e tampouco isso foi feito em sua escola. Se tomarmos, por exemplo, a correria das Feiras Culturais, que são organizados pelos alunos, e, por si só, já é uma bagunça, gerenciar um Grêmio seria tanto, mais, ou menos difícil? Não é algo que se deixa para depois, ou então que se empurra com a barriga. É trabalho duro, e autonomia, esta mais requisitada e necessária, terá de ser conquistada suando a camisa.

Não é como se nós não tivéssemos nenhum tipo de apoio. Nós até temos, mas o que temos são patrocinadores, daqueles com contrato, sabe? A escola apenas nos deu uma sala, nossa cede. Dinheiro, virá de fora. Coisas banais, com Xerox, grampeadores, papel, decoração, cartazes, até mesmo clipes de papel; nós que temos que comprar, não é doado. E então vêm as campanhas, os projetos, a efetivação desses projetos. Ser gremista não é apenas mais uma atividade extracurricular, é um desafio.

E céus, o que é um grêmio? Oficialmente, grêmio estudantil é a organização que representa os interesses dos estudantes na escola. Ele permite que os alunos discutam, criem e fortaleçam inúmeras possibilidades de ação tanto no próprio ambiente escolar como na comunidade. Mas, na prática mesmo, é juntar uma turma de alunos voluntários, que queira fazer alguma coisa pela escola e, principalmente, pelos alunos; uma turma que esteja disposta a fazer alguma coisa, e então fazer definitivamente essa coisa, sem deixar falhas.

Trípolis, o novo Grêmio Estudantil do Colégio Arcádia, é apenas o começo. É verdade que ainda somos uma chapa provisória, mas nosso pequeno legado deixará uma boa base para os próximos que vierem, estes, visando fazer a diferença no futuro assim como nós estamos agora.